Do km 31 ao 36, apenas caminhada (perna esquerda rija, pois o joelho não dobrava) e trote mancando nos trechos de descida. O tempo foi para a estratosfera... Decidi que queria apenas chegar. Neste trecho comecei a voltar mais a atenção para o contexto da prova:
- os demais atletas e seu esforço em concluir a distância. Ali pelo km 36, vi um camarada vomitando e perguntei a ele se precisava de ajuda, ao que me respondeu: “Não, foi só uma cãibra” (?!?). Depois da prova, fiquei feliz em ver seu nome na lista dos concluintes;
- o público que, mesmo reduzido, batia palmas e nos gritava pelo nome. Quando comecei a mancar, um ciclista (que acho que acompanhava algum outro atleta) chegou a me oferecer diclofenaco que, grato, não aceitei, argumentando que o problema não era muscular e
- o pessoal da organização (impecável) que, em todos os momentos apoiou não apenas com a água e o Gatorade, mas com palavras de incentivo. Ali pelo km 34 ou 35, vi uma ambulância e a equipe médica, esses eu torci que não me oferecessem apoio, risos...
Enquanto os corredores iam me passando, experimentava formas de correr que não me doessem tanto o joelho... Só descobri no km 37, quando o percurso entrou em novo trecho plano. Uma marchinha picada, passo curtinho, quase arrastando o pé no chão. Ainda assim, com dor, o que me obrigava a alternar o trote com a caminhada. A essa altura, já acumulava também uma leve dor na bacia e na planta do pé direito, provavelmente causada pelos quilômetros mancando.
Vencido o km 40, o encontro providencial com o BASSAM, corredor curitibano veterano em maratonas que participava do revezamento em duplas. Queria chegar correndo ao fim da prova e, não fossem ele e suas palavras de motivação, não conseguiria. Em sua companhia, percorri, sem andar, o último quilômetro e meio e cruzamos juntos a linha de chegada. A conversa agradável me fez esquecer a dor e imprimir ritmo que já não me julgava capaz. Sou-lhe muito grato, BASSAM. Se algum eventual leitor o conhecer, peço que lhe faça chegar estas palavras de agradecimento.
4h26! Bem longe do tempo que imaginava inicialmente, mas com um tremendo orgulho de ter completado a prova em condições tão complicadas. E sem nenhuma dor muscular! Francamente, antes da prova começar, não esperava que conseguisse.
Hoje, quarta-feira, voltei a caminhar sem mancar. Voltando a Recife, a primeira providência será mandar fazer uma camisa comemorativa. A segunda, e só então, será ir ao ortopedista para saber da seriedade da lesão no joelho... Se o doutor liberar...
MARATONAS, AÍ VOU EU!
A organização da prova. Impecável. Nunca participei de prova deste vulto tão bem organizada. A largada, no horário previsto. Nenhum atropelo, em razão da largura das vias e dos horários defasados de largada das várias categorias. Percurso bem sinalizado pelo pessoal de apoio e pelas placas de km. Postos de hidratação nos dois lados da via, com água em abundância. Vários postos com isotônico. Pessoal atencioso na chegada. O kit, simples, mas de qualidade. Estranhei, a princípio, mas gostei do chip na tornozeleira, facilitou sua retirada na chegada. A medalha, a mais bela que já recebi (será que eu estou sendo parcial?). Lanche, gelo, massagistas, tudo lá para o conforto dos desgastados atletas.
Se Deus permitir, correrei de novo no ano que vem. Parabéns a todos da CORPA e àqueles que de alguma forma fizeram desta corrida uma festa tão bonita.