Primeiro ano de corrida. Passou rápido. Mais rápido que os muitos quilômetros percorridos. Vitórias, derrotas e, em todas elas, muito aprendizado e superação.
Superar é ir além, ampliar limites, realizar o que se julgava improvável ou mesmo impossível.
Outubro de 2007. Absolutamente sedentário, há mais de ano e meio não fazia qualquer atividade física regular. O rápido ganho de peso (71 a 76 kg em 6 meses) e a possibilidade de não estar preparado fisicamente para acompanhar as brincadeiras de minha filha Marina, então com 8 meses, me incomodavam. Queria participar do seu crescimento e não apenas assisti-lo.
O que fazer?
O anúncio, em novembro, de uma corrida de 5 km na empresa em que trabalho me fez decidir: vou começar a correr. A corrida me permitiria alcançar meus objetivos: ganhos cardio-respiratórios e perda de peso.
Lembro as primeiras voltas no Parque da Jaqueira. Caminhando, acho que como quase todo mundo. Rapidamente me dispus a correr, pois precisava me preparar em menos de um mês para a prova. Não queria fazer feio, ainda mais junto aos amigos.
As referências iniciais eram os amigos Fred e Willams. Achava incrível que, sendo quase 20 anos mais velhos, corressem tão mais rápido que eu. Ambos correndo a 5’10”, 5’15”/km e eu bufando a 5’40”/km. Lembro também de ter admirado o desempenho de um cara que corria no mesmo horário que eu e que fazia seu treino a fantásticos 4’50”/km por vários km a fio.
Até a prova, a maior distância treinada foi de 5 km. Precisava estar seguro de que conseguiria cobrir a distância. Foi o que fiz. Nenhuma grande surpresa, pois já havia experimentado a mesma prova no ano anterior com apenas um mês de treino, o qual fora interrompido assim que a prova acabara.
Aí estava o meu primeiro desafio: fazer da corrida uma prática contínua. Como manter a motivação em alta para sair de casa e treinar? Para tal, montamos um grupo de corrida entre os amigos: correr em grupo deixa o treino mais agradável e torna-se mais difícil arranjar desculpas. Pesquisando na Internet, descobri o CICORRE, circuito de corridas da CORRE (Corredores do Recife) que trazia uma prova a cada mês. Achei excelente e me prometi participar de todas as provas ao longo do ano. A motivação para a regularidade estava providenciada.
Mas, e quanto ao desempenho? Também precisava de metas específicas, concretas. Mais por ignorância que por atrevimento, estabeleci como segundo desafio concluir uma prova de 10 km em 42’ até o final de 2008, tempo arbitrado com base nos resultados que vi das provas do CICORRE 2007. Precisava de método se quisesse alcançar estes objetivos e a segunda pesquisa que fiz na Internet acerca do tema corrida foi sobre programas de treinamento. Fiz minha primeira planilha de treinamentos sem mesmo ter noção do ritmo em que estaria apto a treinar.
Em janeiro de 2008, a primeira prova de 10 km (I CICORRE). Já havia coberto a distância em treinos e estava animado para fazer algo em torno de 51 minutos. Resultado? Quase 57 minutos... Choveu, cadarço desamarrou, corri contra o vento pela primeira vez, boné voou e a sede apertou, pois estava acostumado a treinar com a caramanhola e, na ânsia de fazer um bom tempo, resolvi deixar o “peso morto” de lado. Tudo deu errado. Foi frustrante, mas ao mesmo tempo um belo aprendizado: treino é treino, prova é prova. Mais tarde, descobriria também que cada prova tem sua própria história.
Talvez motivado pela vontade de compensar o fracasso, estiquei meus limites de distância nas duas semanas seguintes, pulando de 10 para 13 e de 13 para 16 km. A primeira corrida, em grupo. A segunda, eu, Deus, minha caramanhola e uma estrada no interior do estado (BR-104, Agrestina/Caruaru). Dois sentimentos me acompanhavam: na ida, o medo de não ter forças para voltar, pois estava me distanciando de casa e, na volta, já chegando, uma enorme sensação de poder.
Em fevereiro, fui apresentado ao pessoal da ACORJA (Associação dos Corredores da Jaqueira) pelo Paulo Paulada. Numa das corridas do grupo, conheci o Almir, corredor experiente. Olha o diálogo que se desenrolou:
Márcio (bufando para alcançar o Almir e puxar assunto): minha meta para este ano é 10 km em 42’.
Almir (modestamente): Meu melhor tempo nos 10 é de 42’. Não é fácil... significa fazer cada km em 4’ baixo. Mas se treinar, você chega lá.
Márcio (caindo na real): Nunca vou correr deste jeito...
Não revi a meta, mas percebi que não viria neste primeiro ano. Comecei a pensar em metas parciais e estabeleci 50’ como minha primeira batalha. Ainda em fevereiro, menos arrogante, mais “experiente” e já pesando 71 kg, consegui correr os 10 km em 51’46”.
Também ainda em fevereiro, ganhei minha única lesão até agora: um estiramento da pata-de-ganso, tendão atrás do joelho esquerdo... Fazendo alongamento! Como achei que não fosse nada demais, continuei treinando, até que a dor me deixou mancando. O medo de não poder voltar a correr me levou ao ortopedista, mas isso apenas em maio. Foram 20 dias de estaleiro. E a dor só passou completamente em julho. Descobri que a paciência faz parte do processo de superação, bem como o conhecimento e o respeito ao próprio corpo.
Em março, corri minha primeira meia maratona (Meia Maratona do SESI). Irresponsavelmente, pois estava lesionado, com pouco mais de 4 meses de treino e tendo corrido 16 km uma única vez. Estabeleci como meta concluir a prova e, se possível, em menos de 2 horas, o que já seria uma façanha. E eu consegui! Terminei com 1h58’.
Confesso, no entanto, que achei o esforço envolvido em provas de 21 km muito grande. Paulo Paulada me disse: “Ué, e você queria chegar descansado?”. Concordo com ele que, seja qual for a prova, se você corre para valer, você chegará extenuado. A questão é que nas provas mais longas o sofrimento não se resume à chegada, começando bem antes. O componente psicológico passa a fazer diferença. E o meu ainda não estava preparado... Também em março, corri uma prova de 7,6 km estando bem, fisicamente, mas cheio de problemas na cabeça. Corri angustiado e quase não completei a prova. É preciso estar forte mentalmente para se submeter aos rigores de uma corrida, mesmo curta.
Em junho, já quase recuperado da lesão, fiz meu melhor tempo até então em uma prova de 10 km: 49’20”. Rompi a barreira dos 50’! E ainda voltei para buscar a minha mãe que completaria a sua primeira prova de 10 km em 1h10’. Foi um dia glorioso que acho que não esquecerei.
Em julho, corpo e mente em dia, corri a minha segunda meia (Meia Maratona do Recife/CORRE). Despretensiosamente, fiz incríveis 1h49’07”! Meu melhor tempo até hoje para a distância.
Eu, que nunca tive a intenção de investir em meias maratonas, gostei da brincadeira e me inscrevi para a Meia Maratona de João Pessoa em agosto. Prova no domingo, cheguei na sexta com a família e peguei uma baita gripe. Teimei em correr mesmo assim. Corri os primeiros 10 km a 51’, mas a festa durou pouco. Por volta do km 13, as reservas se esgotaram e passei a sentir joelhos, tornozelos e cintura a cada pisada. Comecei a arrastar um trote, pois não queria parar. No km 18 não agüentei. Comecei a andar, mas não parei. A imagem mental da esposa e da filha me aguardando na linha de chegada foi o meu baluarte. Entre trotes e caminhadas cheguei com 2h03’. Foi, de longe, a prova que me exigiu maior sacrifício físico e, por não ter desistido, a despeito do tempo obtido, a que me trouxe o maior sentimento de superação. João Pessoa e suas ladeiras, me aguardem em 2009!
Uma semana de descanso e nova prova de 10 km (34ª Duque de Caxias). Fui à forra! Querendo compensar a frustração de João Pessoa, consegui baixar o tempo para 48’40”, meu melhor tempo para a distância. Notei que já conseguia correr os 10 km abaixo de 50’ de forma consistente, madura.
Em setembro, mais uma prova de 10 km (VIII CICORRE). Mais uma gripe. Como gripo com relativa freqüência, acabei pesquisando sobre o assunto e descobri o óbvio: não se deve correr doente. Mas, como tinha me prometido participar de todas as etapas do ano, fui lá. Por sorte, a prova consistia de duas voltas de 5km. Decidi dar uma bela esticada na primeira volta e abandonei a prova ainda inteiro. Acho que fiz bem, não me arrependo. A corrida tem me ensinando a reconhecer os limites do corpo com lições bem caras. E, como disse há pouco, a paciência faz parte do processo de superação.
Em outubro, participei de minha quarta meia maratona (Meia Maratona Internacional do Rio), concluída em 1h50’05”. Considerando as condições da prova (calor e uma multidão de corredores te obrigando a manter ritmo lento no início da prova) acho que foi meu melhor desempenho em meias.
Em novembro, com um ano de corrida, fiz o balanço: já estava pesando 67 kg e fazendo um esforço consciente para não perder mais peso. Nunca tive tanto fôlego. Já corria os 10 km na faixa dos 48’. Lembram do triatleta? Já treinava em ritmo idêntico ao dele. 10 km em 42’? Bem, quem sabe um dia, mas será aos poucos, minuto a minuto, e cada um deles uma vitória que quero saborear... Posso dizer que já havia conquistado tudo que inicialmente queria com a corrida... Sinal de que era preciso traçar novas metas.
Já ouviram a frase “tenha um filho, escreva um livro e plante uma árvore”? Acrescentei “corra uma maratona”. Decidi que faria uma, ao menos uma, nesta vida.
Fiz nova pesquisa sobre maratonas e programas de treinamento. Descobri que a maratona de Porto Alegre, que ocorre no final do mês de maio, seria a melhor pedida para um iniciante. Descobri também que, no nível em que estou, seria possível concluir uma maratona com 16 semanas de treinamento específico a começar, portanto, no início do mês de fevereiro.
Para que esperar? Já havia corrido 4 meias, mas nunca, nem em treinos, corri distância superior aos 21 km. Na última semana de novembro, resolvi “testar” 26 km à noite e na companhia de amigos corredores. Fiz todo o percurso me poupando com medo de não concluir e, surpresa minha, o fiz de forma mais tranqüila do que esperava: 2h39’ de corrida ininterrupta. Não me julgava capaz e este foi, para mim, um outro grande momento de superação. E nem prova era. Ao mesmo tempo, notei a distância (física e metafórica) que ainda me separam de ser um maratonista.
Me animei e no final de semana seguinte já parti para 27,5 km, mais uma vez com sucesso. Decidi que quero entrar no ranking brasileiro de maratonistas. Para isso, precisarei concluir a maratona abaixo de 3h45... Impossível? Não. Improvável? Talvez. Difícil? Com certeza. E será esta mesma dificuldade que me moverá nos treinos nos próximos meses...
Até a próxima meta!
Superar é ir além, ampliar limites, realizar o que se julgava improvável ou mesmo impossível.
Outubro de 2007. Absolutamente sedentário, há mais de ano e meio não fazia qualquer atividade física regular. O rápido ganho de peso (71 a 76 kg em 6 meses) e a possibilidade de não estar preparado fisicamente para acompanhar as brincadeiras de minha filha Marina, então com 8 meses, me incomodavam. Queria participar do seu crescimento e não apenas assisti-lo.
O que fazer?
O anúncio, em novembro, de uma corrida de 5 km na empresa em que trabalho me fez decidir: vou começar a correr. A corrida me permitiria alcançar meus objetivos: ganhos cardio-respiratórios e perda de peso.
Lembro as primeiras voltas no Parque da Jaqueira. Caminhando, acho que como quase todo mundo. Rapidamente me dispus a correr, pois precisava me preparar em menos de um mês para a prova. Não queria fazer feio, ainda mais junto aos amigos.
As referências iniciais eram os amigos Fred e Willams. Achava incrível que, sendo quase 20 anos mais velhos, corressem tão mais rápido que eu. Ambos correndo a 5’10”, 5’15”/km e eu bufando a 5’40”/km. Lembro também de ter admirado o desempenho de um cara que corria no mesmo horário que eu e que fazia seu treino a fantásticos 4’50”/km por vários km a fio.
Até a prova, a maior distância treinada foi de 5 km. Precisava estar seguro de que conseguiria cobrir a distância. Foi o que fiz. Nenhuma grande surpresa, pois já havia experimentado a mesma prova no ano anterior com apenas um mês de treino, o qual fora interrompido assim que a prova acabara.
Aí estava o meu primeiro desafio: fazer da corrida uma prática contínua. Como manter a motivação em alta para sair de casa e treinar? Para tal, montamos um grupo de corrida entre os amigos: correr em grupo deixa o treino mais agradável e torna-se mais difícil arranjar desculpas. Pesquisando na Internet, descobri o CICORRE, circuito de corridas da CORRE (Corredores do Recife) que trazia uma prova a cada mês. Achei excelente e me prometi participar de todas as provas ao longo do ano. A motivação para a regularidade estava providenciada.
Mas, e quanto ao desempenho? Também precisava de metas específicas, concretas. Mais por ignorância que por atrevimento, estabeleci como segundo desafio concluir uma prova de 10 km em 42’ até o final de 2008, tempo arbitrado com base nos resultados que vi das provas do CICORRE 2007. Precisava de método se quisesse alcançar estes objetivos e a segunda pesquisa que fiz na Internet acerca do tema corrida foi sobre programas de treinamento. Fiz minha primeira planilha de treinamentos sem mesmo ter noção do ritmo em que estaria apto a treinar.
Em janeiro de 2008, a primeira prova de 10 km (I CICORRE). Já havia coberto a distância em treinos e estava animado para fazer algo em torno de 51 minutos. Resultado? Quase 57 minutos... Choveu, cadarço desamarrou, corri contra o vento pela primeira vez, boné voou e a sede apertou, pois estava acostumado a treinar com a caramanhola e, na ânsia de fazer um bom tempo, resolvi deixar o “peso morto” de lado. Tudo deu errado. Foi frustrante, mas ao mesmo tempo um belo aprendizado: treino é treino, prova é prova. Mais tarde, descobriria também que cada prova tem sua própria história.
Talvez motivado pela vontade de compensar o fracasso, estiquei meus limites de distância nas duas semanas seguintes, pulando de 10 para 13 e de 13 para 16 km. A primeira corrida, em grupo. A segunda, eu, Deus, minha caramanhola e uma estrada no interior do estado (BR-104, Agrestina/Caruaru). Dois sentimentos me acompanhavam: na ida, o medo de não ter forças para voltar, pois estava me distanciando de casa e, na volta, já chegando, uma enorme sensação de poder.
Em fevereiro, fui apresentado ao pessoal da ACORJA (Associação dos Corredores da Jaqueira) pelo Paulo Paulada. Numa das corridas do grupo, conheci o Almir, corredor experiente. Olha o diálogo que se desenrolou:
Márcio (bufando para alcançar o Almir e puxar assunto): minha meta para este ano é 10 km em 42’.
Almir (modestamente): Meu melhor tempo nos 10 é de 42’. Não é fácil... significa fazer cada km em 4’ baixo. Mas se treinar, você chega lá.
Márcio (caindo na real): Nunca vou correr deste jeito...
Não revi a meta, mas percebi que não viria neste primeiro ano. Comecei a pensar em metas parciais e estabeleci 50’ como minha primeira batalha. Ainda em fevereiro, menos arrogante, mais “experiente” e já pesando 71 kg, consegui correr os 10 km em 51’46”.
Também ainda em fevereiro, ganhei minha única lesão até agora: um estiramento da pata-de-ganso, tendão atrás do joelho esquerdo... Fazendo alongamento! Como achei que não fosse nada demais, continuei treinando, até que a dor me deixou mancando. O medo de não poder voltar a correr me levou ao ortopedista, mas isso apenas em maio. Foram 20 dias de estaleiro. E a dor só passou completamente em julho. Descobri que a paciência faz parte do processo de superação, bem como o conhecimento e o respeito ao próprio corpo.
Em março, corri minha primeira meia maratona (Meia Maratona do SESI). Irresponsavelmente, pois estava lesionado, com pouco mais de 4 meses de treino e tendo corrido 16 km uma única vez. Estabeleci como meta concluir a prova e, se possível, em menos de 2 horas, o que já seria uma façanha. E eu consegui! Terminei com 1h58’.
Confesso, no entanto, que achei o esforço envolvido em provas de 21 km muito grande. Paulo Paulada me disse: “Ué, e você queria chegar descansado?”. Concordo com ele que, seja qual for a prova, se você corre para valer, você chegará extenuado. A questão é que nas provas mais longas o sofrimento não se resume à chegada, começando bem antes. O componente psicológico passa a fazer diferença. E o meu ainda não estava preparado... Também em março, corri uma prova de 7,6 km estando bem, fisicamente, mas cheio de problemas na cabeça. Corri angustiado e quase não completei a prova. É preciso estar forte mentalmente para se submeter aos rigores de uma corrida, mesmo curta.
Em junho, já quase recuperado da lesão, fiz meu melhor tempo até então em uma prova de 10 km: 49’20”. Rompi a barreira dos 50’! E ainda voltei para buscar a minha mãe que completaria a sua primeira prova de 10 km em 1h10’. Foi um dia glorioso que acho que não esquecerei.
Em julho, corpo e mente em dia, corri a minha segunda meia (Meia Maratona do Recife/CORRE). Despretensiosamente, fiz incríveis 1h49’07”! Meu melhor tempo até hoje para a distância.
Eu, que nunca tive a intenção de investir em meias maratonas, gostei da brincadeira e me inscrevi para a Meia Maratona de João Pessoa em agosto. Prova no domingo, cheguei na sexta com a família e peguei uma baita gripe. Teimei em correr mesmo assim. Corri os primeiros 10 km a 51’, mas a festa durou pouco. Por volta do km 13, as reservas se esgotaram e passei a sentir joelhos, tornozelos e cintura a cada pisada. Comecei a arrastar um trote, pois não queria parar. No km 18 não agüentei. Comecei a andar, mas não parei. A imagem mental da esposa e da filha me aguardando na linha de chegada foi o meu baluarte. Entre trotes e caminhadas cheguei com 2h03’. Foi, de longe, a prova que me exigiu maior sacrifício físico e, por não ter desistido, a despeito do tempo obtido, a que me trouxe o maior sentimento de superação. João Pessoa e suas ladeiras, me aguardem em 2009!
Uma semana de descanso e nova prova de 10 km (34ª Duque de Caxias). Fui à forra! Querendo compensar a frustração de João Pessoa, consegui baixar o tempo para 48’40”, meu melhor tempo para a distância. Notei que já conseguia correr os 10 km abaixo de 50’ de forma consistente, madura.
Em setembro, mais uma prova de 10 km (VIII CICORRE). Mais uma gripe. Como gripo com relativa freqüência, acabei pesquisando sobre o assunto e descobri o óbvio: não se deve correr doente. Mas, como tinha me prometido participar de todas as etapas do ano, fui lá. Por sorte, a prova consistia de duas voltas de 5km. Decidi dar uma bela esticada na primeira volta e abandonei a prova ainda inteiro. Acho que fiz bem, não me arrependo. A corrida tem me ensinando a reconhecer os limites do corpo com lições bem caras. E, como disse há pouco, a paciência faz parte do processo de superação.
Em outubro, participei de minha quarta meia maratona (Meia Maratona Internacional do Rio), concluída em 1h50’05”. Considerando as condições da prova (calor e uma multidão de corredores te obrigando a manter ritmo lento no início da prova) acho que foi meu melhor desempenho em meias.
Em novembro, com um ano de corrida, fiz o balanço: já estava pesando 67 kg e fazendo um esforço consciente para não perder mais peso. Nunca tive tanto fôlego. Já corria os 10 km na faixa dos 48’. Lembram do triatleta? Já treinava em ritmo idêntico ao dele. 10 km em 42’? Bem, quem sabe um dia, mas será aos poucos, minuto a minuto, e cada um deles uma vitória que quero saborear... Posso dizer que já havia conquistado tudo que inicialmente queria com a corrida... Sinal de que era preciso traçar novas metas.
Já ouviram a frase “tenha um filho, escreva um livro e plante uma árvore”? Acrescentei “corra uma maratona”. Decidi que faria uma, ao menos uma, nesta vida.
Fiz nova pesquisa sobre maratonas e programas de treinamento. Descobri que a maratona de Porto Alegre, que ocorre no final do mês de maio, seria a melhor pedida para um iniciante. Descobri também que, no nível em que estou, seria possível concluir uma maratona com 16 semanas de treinamento específico a começar, portanto, no início do mês de fevereiro.
Para que esperar? Já havia corrido 4 meias, mas nunca, nem em treinos, corri distância superior aos 21 km. Na última semana de novembro, resolvi “testar” 26 km à noite e na companhia de amigos corredores. Fiz todo o percurso me poupando com medo de não concluir e, surpresa minha, o fiz de forma mais tranqüila do que esperava: 2h39’ de corrida ininterrupta. Não me julgava capaz e este foi, para mim, um outro grande momento de superação. E nem prova era. Ao mesmo tempo, notei a distância (física e metafórica) que ainda me separam de ser um maratonista.
Me animei e no final de semana seguinte já parti para 27,5 km, mais uma vez com sucesso. Decidi que quero entrar no ranking brasileiro de maratonistas. Para isso, precisarei concluir a maratona abaixo de 3h45... Impossível? Não. Improvável? Talvez. Difícil? Com certeza. E será esta mesma dificuldade que me moverá nos treinos nos próximos meses...
Até a próxima meta!
4 comentários:
Que belo relato Márcio!Fiquei arrepiado...Parabéns pela tua determinação.Também quero te dizer que já estou começando a me preocupar contigo para o próximo ano.Vou conversar com Almir para traçarmos e revermos nossas metas.
O ranking será muito difícil.
Abraços. Júlio Cordeiro
Caramba !!! Que evolução sensacional para o primeiro ano. Eu tb fiz um ano agora em dezembro.
Parabéns !!!
Ano que vem, quero correr a minha primeira meia.
Obrigadão, Júlio! Não era a intenção arrepiar ninguém, risos. Muito lisonjeiro de sua parte, mas pode ficar tranquilo que quando (se) eu estiver fazendo 3h45 você e o Almir já estarão fazendo 3h15, risos. Conseguir treinar com vocês já será, além do costumeiro prazer, uma honra.
Parabéns para nós, Xampa. Ah, e se você quer correr sua primeira meia ano que vem, você correrá!
Saudações!
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