domingo, 30 de novembro de 2008

Entrevista com João Carlos Carlini


Amigos, este mês temos mais um ilustre figurando em nossas entrevistas: o Ironman João Carlos, triatleta pernambucano "dos bãos" cuja perseverança e tenacidade muita gente desconhece. Com a palavra, João!


Ficha do corredor


Nome completo: João Carlos Camilo Carlini Neto.

Nome de guerra: João.

Natural de: Recife.

Data de nascimento: 19/06/1967.

Local de treino habitual: Petrolina.

Freqüência semanal: 3 a 4 vezes por semana, pois tenho que pedalar também, haja vista que sou triatleta.

Quilometragem semanal: varia muito, mas perto do Ironman, prova que priorizo, chega a 70 km. Quando eu só corria (até o ano de 2000) chegava a 100 km

Currículo: 1998, Maratona de Nova York e São Sivestre; 1999, Maratona de Blumenau; de 2000 até hoje foram 8 Ironman, sendo sete em Florianópolis e um nos EUA. Foram 6 meio-Ironman e várias meias-maratonas.


Entrevista



Quando você começou a correr e como isto aconteceu? Em 1996, quando tinha 29 anos de idade e pesava 105 kg e era sedentário. Iniciei um regime alimentar, acompanhado de caminhadas. Logo veio a vontade de intensificar os exercícios, mas o único objetivo à época era a perda de peso. O início da caminhada e regime foi em setembro de 1996. Com a perda de 30 kg, fiquei com vontade de sair correndo em todas as provas, mas logo em 1998, início de novembro eu estreava em corridas e logo na maratona de Nova York.

Qual sua motivação para correr? Além de um excelente lazer, uma busca freqüente pela saúde. Com a corrida de longa distância, sempre ficamos com a sensação de bem-estar, isso já comprovado cientificamente, pois os hormônios do bem-estar (serotonina, etc) que nosso organismo libera, ao entrar na corrente sanguínea causa essa sensação agradável, o que nos tornas pessoas mais felizes.

Fale um pouco sobre o equipamento que você utiliza para correr. Como não tenho uma boa biomecânica na corrida, procuro correr com tênis com excelente amortecimento e bem confortável nos meus pés, devido às distâncias que corro serem grandes. Procuro, sempre, correr com tênis novos, ou quase novos, sempre avaliando o seu desgaste para não sobrecarregar as articulações. Devido às altas temperaturas do Sertão pernambucano, faço uso, constantemente, de protetor solar, bonés. Uso shorts e camisetas bem leves, a fim de deixar que a termorregulação seja realizada de forma mais eficiente possível. Procuro me hidratar a cada 15 minutos. Quando a distância do treino é longa, faço uso de repositores de eletrólitos, como gatorade, Sports drink da GU ou outros, além de me preocupar com reposição de carboidratos em treinos longos, como os em forma de gel. Quando a temperatura está acima dos 36º Celsius e vou fazer mais de duas horas de bike ou corrida, ou ambos. Faço uso de cápsulas de sal, a fim de evitar a hiponatremia, que é a baixa de sódio em nosso organismo, podendo levar até a morte.

Prefere provas de quantos km? Com certeza, as maratonas (42,195 km).

Qual sua prova predileta? Os Ironman’s.

Qual é sua estratégia para as provas? Sempre procuro iniciar e terminar com o mesmo ritmo de prova, para isso, treino visando a este estilo de corrida.

Qual sua meta atual? Fazer o Ironman abaixo das 11 horas.

Qual foi o seu melhor momento da vida de corredor? De corredor apenas, em 1999, quando só fazia correr. Já como triatleta, em 2002, quando consegui fazer dois Ironman’s no mesmo ano, sendo um em maio na cidade de Florianópolis e outro em novembro da cidade de Panamá City, Estado da Flórida, nos EUA. Nessa época, além de fazer o triathlon bem, eu estava correndo muito bem.

E o pior? Acredito que tenha sido nesses últimos dois anos, ou seja, em 2007 e agora em 2008. No ano passado eu já vinha caindo sobremaneira meu rendimento, quando foi neste ano, faltando apenas um mês para a prova do Ironman, que acontece em maio, meu coração entrou em fibrilação atrial. Só voltou a bater no ritmo sinusal após um mês e, mesmo assim, tendo que fazer uma cardioversão, que é o choque para o ritmo voltar ao normal. Com isso não pude participar do Ironman deste ano. Mas os treinos já voltaram ao normal e espero que próximo ano eu volte a participar do Ironman novamente. Já participei semana passada, aqui em Petrolina, da corrida do SESC que foram 10 km. Estou me sentindo melhor.

Deixe uma mensagem para quem quer começar a correr. Vocês que querem iniciar a prática da corrida, analisem bem os benefícios que essa prática tão saudável nos trás. Junte, de preferência, a um grupo para fazer corridas programadas, pois isso torna mais prazeroso a corrida, evitando que você venha a desistir logo no início de sua vida como corredor (a). Esse privilégio eu não tenho, pois treino sozinho, mas quem tiver essa oportunidade, não deixe de participar de um grupo de corridas.

Você que quer iniciar não esqueça de procurar um bom médico, a fim de fazer uma avaliação física completa para que possa, de fato, verificar que estar apto a fazer as atividades da corrida. Procure um bom nutricionista, mas ligado ao esporte. Em Recife, sugiro Rebeca Lasmar. Tive a oportunidade de ser consultado por ela e gostei muito. Atualmente estou com Patrícia Bertolucci, de São Paulo, uma triatleta que participa comigo de Ironmans e só faz provas de longa distância, então está muito acostumada com atletas de endurance. Mas, para vocês que pretendem iniciar agora, é fundamental que tenha uma equipe multidisciplinar para cuidar de você, a fim de não cometer os mesmos erros que cometi no início de minha atividade de corrida, onde não tinha nenhum acompanhamento.

Deve procurar o grupo para treinar com uma equipe. Deve procurar um nutricionista, deve procurar fazer alongamentos diariamente, fazer massagem, ao menos 1 vez por semana e deve procurar, também, um profissional capaz de elaborar sua planilha de treinamento, pois a medida que irá melhorando, a planilha personalizada passa a ser sua arma contra contusões, problemas de saúde de modo geral e também sua melhora pessoal depende de um atendimento exclusivo, pois seu treinamento, não será igual ao dos outros, não que não possamos treinar em equipes, mas seu ritmo cardíaco, por exemplo, será totalmente diferente dos ritmos cardíacos dos seus colegas.

Não devemos também nos esquecer de ter um bom descanso entre as sessões de treinamento, além de um sono reparador.

Enfim, tudo que deixo de mensagem são coisas que já são ditas todos os dias nos livros e revistas especializadas, mas o que precisamos mesmo, ao iniciar uma empreitada dessa é ter determinação, perseverança, pois, de fato, se não tivermos de nada adiantará as outras coisas em que citei.

Um forte abraço e quando estiver aí no recife, claro que irei me juntar a esse grupo para treinarmos juntos. A idéia é genial e vocês estão de parabéns, pois como apaixonado pela corrida, não poderia me furtar de elogiar esse grupo.

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